pesquisa na Web.... pesquisa em ASGARDH.... pesquisa em iHEAVEN.... pesquisa em iHELL.... pesquisa em Ridertamashii ENTRETENIMENTO.... Previsão do Tempo para São Paulo
translate for english

Brahmanismo

iHEAVEN, um mundo de fantasia!
  • iHEAVEN(home)
  • MITOLOGIA CLASSICA
  • MITOLOGIA NORDICA
  • MITOLOGIA CELTA
  • MITOLOGIA EGIPCIA
  • PSICHES,psicologia e religiões comparadas
  • ESPIRITUALIDADE
  • MAGIA
  • BUDISMO
  • BRAHMANISMO
  • DA VINCE, MITOS JUDAICO-CRISTAOS.
  • OS ILUMINADOS
  • COMERCIAIS
    CONTATO COM ASGARDH
    email: sygrun@gmail.com
    Powered by


    BLOGGER

  • ASGARDH, hell and heaven
  • Ridertamashii:animes,mangas,HQs,cultura POP
  • Samsara, a "roda" e a origem dos bhramanes e dos b...
  • Os Senhores do Universo
  • A LENDA DO DEUS BRAMA in Heaven
  • Deuses Indianos e outras divindades
  • Reencarnação
  • Sri Ganesha
  • Introdução geral ao estudo das doutrinas hindus
  • Gunas
  • O MITO DE KALI
  • Os Chakras, MEDITANDO COM OS CHAKRAS
  • O que é o Yoga?
    sábado, junho 24, 2006

    O que é o Yoga? Essa é uma pergunta que aprendi a temer, porque é impossível respondê-la em poucas palavras. Dizer, por exemplo, que o Yoga é a ciência do ser e a arte do existir é uma resposta precisa e poética. Todavia, para que venha a ser compreendida por um leigo, será necessário acrescentar um longo comentário.

    O objetivo primordial do Yoga é levar-nos, através de técnicas tanto físicas quanto psíquicas, a vivenciar estados do ser que se situam além da atividade mental que opera com palavras e idéias: além dos pensamentos, enfim.

    E, logo aqui, nos deparamos com uma grande dificuldade em relação aos conceitos, pois, para o ocidental, o que se situa além da atividade mental pensante é o inconsciente, enquanto que, para o Yoga, o que fica além dos pensamentos é o reino da consciência pura, do qual a mente ordinária deveria ser apenas um canal de expressão.

    Essa divergência radical encontra eco nas diferentes versões de Freud e Jung sobre o inconsciente. Freud descreveu um inconsciente conflituoso e problemático que, subliminarmente, controla nossos atos à nossa revelia. Um sabotador. Muitas vezes, um inimigo. Jung descreveu um inconsciente vasto e sábio, que chamou de Si Mesmo (no original alemão Selbst; no inglês, geralmente adotado o termo Self). Para Jung, o inconsciente age como um guia, enviando-nos mensagens esclarecedoras e orientadoras.

    Para o Yoga ambos estão certos, mas falam de coisas diferentes. Jung fala de um inconsciente que sabe mais do que o consciente, um inconsciente que não apenas está além da consciência ordinária, mas que se situa acima dela, embora ele não fizesse essa distinção. O Yoga afirma que essa é a verdadeira consciência, da qual a outra, a pensante, é o sistema de operacionalização. Vamos chamá-la de consciência espiritual.

    O inconsciente de Freud é realmente o subconsciente, como ele inicialmente o denominou. A função legítima do subconsciente é funcionar como um arquivo e poupar-nos da necessidade de manter a atenção nos processos repetitivos e rotineiros, como dirigir um carro ou datilografar. Tudo aquilo que está arquivado no subconsciente deveria poder ser trazido ao consciente, sem dificuldade. O subconsciente problemático é constituído por experiências e percepções que implicariam em conflito, e que banimos da consciência porque não nos sentíamos preparados para encará-los e resolvê-los. Como afastá-lo da consciência não significa eliminá-lo, o problema continua existindo, embora fora do nosso alcance.

    O Yoga diz que o subconsciente é a morada dos samskáras e das vásanás, as impressões e tendências subconscientes que modelam o nosso caráter. Purificar nossa mente dos conflitos porventura existentes entre o subconsciente, a mente racional e a consciência espiritual é o papel do Kriyá Yoga, tal como descrito por Pátañjali, codificador do Yoga mental, o Rája Yoga.

    Esse processo de purificação é indispensável para que não façamos confusão entre as intuições que vêm do supramental e os conteúdos que vêm do subconsciente. Para que não confundamos aquilo que é fruto de uma sabedoria superior com aquilo que é irracional.

    O objetivo desse Yoga é colocar-nos em contato com as raízes do nosso ser que, diferentemente das raízes vegetais, ficam acima e não abaixo da copa. Essa árvore mítica tem, em sânscrito, o nome de ashvattha. Suas raízes são supramentais e constituem uma forma de consciência superior à consciência ordinária. Trata-se de uma consciência espiritual capaz de discernir o sentido evolutivo da vida e decidir sobre valores: o que é bem, o que é mal e porque. É profundamente diferente da consciência mental, cuja lógica racional pode apenas detectar incoerências e operacionalizar ações.

    Toda ação depende de decisões prévias, e toda decisão é tomada a partir de um sistema de valores. Quando esse esquema de valores não é providenciado pela consciência espiritual, será formulado sob a influência dos desejos emocionais e instintivos que provêm de níveis do ser hierarquicamente inferiores à razão. Essa inversão é responsável pelo estado dividido e conflituoso de nosso ser.

    Para atingir a grande meta do Yoga e vivenciar a consciência supramental, é necessário realizar previamente uma ampla tarefa, clareando a consciência nos diversos níveis do ser, compatibilizando e hierarquizando sua expressão, de modo que ela possa desempenhar suas funções sem repressão e sem abuso.

    Yoga significa união: a união entre instinto, emoção e razão; união da consciência mental com a consciência espiritual. Usando uma linguagem ocidental, a união do ego com o Si Mesmo (ou Self), no que Jung chamou de processo de individuação ou realização da função transcendente, conforme sua terminologia.

    Yoga também significa jugo, ou seja, a manifestação organizada e hierarquizada do ser, sem inversões de comando, para que a razão governe sobre a emoção e o instinto, e para que os objetivos concretos não se sobreponham aos valores abstratos de uma verdadeira ética espiritual.

    Yoga significa também um estado transcendente além dos vrittis (ondas mentais, pensamentos); significa a dimensão infinita do ser, o eterno agora onde o silêncio é a única resposta de uma presença inexprimível.

    Como vemos, não é fácil encontrar uma definição que abranja tudo aquilo que o Yoga é, porque o Yoga é uma prática e um objetivo que engloba o ser do homem em toda a sua complexidade orgânica, psíquica e espiritual.

    Enquanto técnica, o Yoga é também globalizante, porque trabalha com todos os níveis da consciência humana: o corpo, a energia vital, as emoções, o pensamento cotidiano, o pensamento abstrato e a intuição. Existem diversos ramos de Yoga, porque existem pessoas com aptidões diferenciadas e temperamentos diversos. Cada um desses ramos trabalha com um nível do ser, aquele com a qual a pessoa tem mais afinidade e com aquilo que representa a linha de menor resistência para ela. Essa característica, que representa uma grande vantagem prática, e é fruto de uma sabedoria que reconhece a diversidade dos seres humanos e de suas necessidades específicas, tem contribuído para confundir as pessoas que adotam uma abordagem superficial a respeito do Yoga.

    Encontramos muito freqüentemente sistemas filosóficos ou religiosos que pretendem uma abordagem única e uniformizante, o que conduz à exclusão ou perseguição daqueles cuja própria maneira de ser torna difícil, ou até mesmo impossível, a aceitação daquele caminho. O Yoga compreende que podemos atingir a mesma meta vindo por caminhos que parecem diametralmente oportos, mas que, na verdade, são compatíveis e complementares, vistos a partir de uma perspectiva mais ampla e menos sectária.

    Não é fácil para os ocidentais compreender aquilo que o Yoga é. Está muito distante de sua cultura. Assim, confundem o Yoga com ginástica, quando vêem o Hatha Yoga, e confundem-no com religião quando vêem o Bhakti Yoga. Fazem essas analogias porque lembram-se de algo que já conhecem, pertencente ao seu universo mental. Assim, é oportuno esclarecer alguns dos lugares-comuns sobre o Yoga, já que muitas pessoas têm dele uma impressão completamente falsa.


    Yoga não é uma ginástica

    Pelo fato de existirem muitas academias de Hatha Yoga - a linha do Yoga que lida com o corpo físico -, pensa-se que o Yoga seja uma modalidade esportiva com sabor oriental. Isso é uma grande distorção, favorecida pelo fato de a maioria das academias - que deveriam chamar-se escolas - praticarem apenas ásanas (posturas), em vez do Hatha Yoga completo, que compreende também kriyás, bandhas e ásanas, de que falaremos a seguir.

    O Hatha Yoga trata, basicamente, da circulação da energia vital (prána) em nosso corpo. Sua finalidade é limpar e desimpedir os "canais" sutis de circulação dessa energia (nádís), de modo a facilitar a comunicação entre a mente e o corpo, tornando-o um veículo adequado às energias mentais mais delicadas, abstratas e espirituais. Paralelamente, o Hatha Yoga procura favorecer o bom funcionamento orgânico, para que o corpo goze de um bom estado de saúde e conserve a vitalidade por mais tempo. É por isso que, na Índia, a parte do Hatha Yoga considerada mais importante não são os ásanas, mas os kriyás, que são técnicas de purificação e limpeza dos órgãos internos, principalmente daqueles que compõem o sistema de eliminação de toxinas, impurezas e resíduos de nosso corpo. A prática dos kriyás, pelo Hatha Yoga, não deve ser confundida com o Kriyá Yoga, que trata da purificação da mente.

    A partir de uma determinada idade, passamos a acumular mais impurezas do que conseguimos eliminar. Elas deixam o corpo intoxicado e a mente entorpecida para a percepção dos estados sutis, dificultando a prática da meditação. Essa também é uma das causas do desgaste orgânico, envelhecimento e morte.

    O estado de pureza do corpo depende do que ingerimos: ar, água, alimentos, bebidas, remédios e substâncias químicas não naturais, e da maneira pela qual processamos e eliminamos os resíduos: através da respiração, pela pele, fígado, rins e intestinos. Daí a importância dos hábitos alimentares e respiratórios e dos métodos curativos que empregamos, bem como da prática dos kriyas, técnicas de limpeza das vias respiratórias, do estômago, dos intestinos, etc. A prática de ásanas sem a mudança dos hábitos alimentares e sem a prática simultânea de kriyás não pode ser considerada uma prática completa de Hatha Yoga, embora, mesmo assim, traga benefícios.

    Ásanas são posições estáticas que atuam sobre a circulação da energia vital, estimulando áreas específicas do corpo, principalmente órgãos e glândulas. Seu objetivo é o bom funcionamento orgânico dos sistemas respiratório, digestivo, circulatório, nervoso, reprodutor e eliminador de resíduos. Promove a flexibilidade das articulações e o alongamento muscular, proporcionando uma boa postura da coluna vertebral, importante para a livre circulação do prána, a energia sutil.

    As nádís, que são os canais por onde circula o prána, têm uma afinidade com as células nervosas que, de todas as células do corpo, são aquelas naturalmente equipadas para captá-lo e servir-lhe de suporte físico. Daí a importância da coluna e da medula espinhal, suporte das nádís principais: idá, o circuito negativo, receptivo, pingalá, o circuito ativante, positivo, e sushumná, a nádí central, que representa o equilíbrio entre os opostos e o psico-físico, a perfeita integração da consciência e da fisiologia. A prática dos ásanas mobiliza os músculos, mas seu objetivo não é o desempenho muscular.

    Bandhas são compressões profundas que atuam como massagem interna em órgãos e glândulas, mas cujo verdadeiro papel é o de bloquear a passagem da energia, de modo que esta se acumule em determinados centros, com o objetivo de estimulá-los, ou fazer com que a energia se redirecione, passando por circuitos diferentes dos habituais.

    O Yoga, com certeza, não é uma espécie de ginástica. É um sistema concebido para desenvolver a consciência do homem em todos os seus níveis.

    Esses níveis, em número de sete, são os seguintes:

    1) físico, ou corporal;

    2) instintivo, vital, energético;

    3) emocional;

    4) mental subconsciente: chitta;

    5) mental cotidiano: manas, ahamkára;

    6) mental superior intuitivo/discriminativo: buddhi;

    7) espiritual: átman.

    Chitta é a memória. Constitui o arquivo de nossas memórias e impressões passadas, inclusive de vidas anteriores. Em sua grande maioria, essas impressões permanecem subconscientes, mas nem por isso deixam de influenciar o funcionamento de manas.

    Manas é a unidade que processa informações sensoriais, as quais muitas vezes evocam antigas impressões do passado. É a parte da mente que recolhe as impressões sensoriais e organiza as respostas motoras convenientes. Seu funcionamento pode ser consciente, mas atua grande parte do tempo de forma quase automática.

    Ahamkára é a consciência do ego. Quando as percepções de manas são apresentadas ao ahamkára é essa função da mente que reconhece que "isso está ocorrendo comigo; sou eu que vejo; sou eu o agente da ação ou aquele que sofre os efeitos da ação". Ahamkára confere um sentido de singularidade aos fatos em função da identidade pessoal. Também é a origem da separatividade.

    Buddhi é a função que avalia e decide o curso da ação. No caso dos animais, essa decisão é automatizada e deflagrada pelos impulsos instintivos e emocionais ligados à circunstância identificada pelas impressões sensoriais. Mas, no caso da mente humana, essa decisão envolve o livre arbítrio. A atuação de buddhi envolve a discriminação sobre os valores abstratos envolvidos nos acontecimentos. Envolve uma delicada interligação do uso dos poderes superiores da mente: a razão e a intuição espiritual. Envolve a compreensão do que é certo e errado, do que é bem e do que é mal.

    Buddhi, como vimos, é a capacidade discriminativa, habilitada a realizar julgamentos de valor e destinada a tornar-se o veículo de uma sabedoria superior. É através da utilização de buddhi que desenvolvemos viveka, o discernimento. No entanto, essa sabedoria superior que é viveka, essa jóia sublime da consciência, existe apenas como uma potencialidade a ser desenvolvida na maioria das pessoas.

    Átman é o núcleo espiritual do ser, cuja característica é a consciência de Si Mesmo e da Unidade do Todo. Em átman não há separatividade. Os hinduístas cumprimentam-se dizendo "namastê", que significa "Deus em mim saúda Deus em ti". Jesus declarou explicitamente a união dEle com o Pai quando disse: "Eu e o Pai somos um" (Mt, 10:30), e a possibilidade da nossa união com Ele quando declarou: "Quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto" (Jo, 15:57) e "Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim quem de Mim se alimenta, também viverá por mim" (Jo, 6:57).

    Quando não temos uma visão intuitiva da experiência de união ao nível espiritual, essas afirmações soam absurdas, e os judeus enfureceram-se como nunca quando Jesus as fez. Hoje não temos dificuldade em aceitar a união entre Jesus e o Pai, mas como é difícil acreditar que também nós tenhamos sido convidados a partilhar dessa unidade que, embora impossível ao nível da personalidade, representa a meta suprema da vida espiritual.

    O corpo físico alimenta-se de matéria orgânica, a alma alimenta-se de energia sutil modelada sob a forma de emoções, sentimentos e pensamentos, e o espírito alimenta-se da presença divina vivenciada no único lugar onde isso é possível: nele mesmo.


    Yoga não é relaxamento por sugestão

    Muitas pessoas buscam o Yoga pela necessidade de relaxar, porque estão tensas e nervosas e isso já começa a afetar-lhes a saúde. No entanto, o Yoga não é relaxamento por sugestão, embora exista uma técnica, chamada yoganidrá, que emprega o relaxamento consciente e a auto-sugestão.

    Tensão é uma contração involuntária, inconsciente e contínua da musculatura; é a contrapartida física da repressão psíquica. Ao afastarmos algo da consciência, mantendo-o no subconsciente, bloqueamos a passagem da energia sutil, contraindo nossos músculos, sem percebê-lo. Relaxar essas tensões profundas significa liberar, simultaneamente, a passagem da energia psíquica, permitindo que o consciente inteire-se do que havia sido escondido. Isso significa desvelar e encarar algo que havíamos considerado, anteriormente, estar além de nossas forças suportar.

    Mas aquilo que estava além da capacidade de uma criança não constitui dificuldade para um adulto. No entanto, como foi colocado no arquivo morto com o rótulo de "Perigo", nunca mais examinamos o conteúdo dessa pasta que ficou selada, por assim dizer, pelos nossos músculos empedrados. Na medida em que conseguirmos relaxar essas tensões musculares inconscientes iremos, também aos poucos, examinando essas pastas sepultadas no subconsciente, descobrindo que seu conteúdo não é tão terrível assim, e que a própria vida já nos trouxe condições para compreender e solucionar problemas antes amedrontadores que nos pareciam insolúveis.

    Os problemas que continuam desafiando a nossa capacidade no momento presente, aqueles que continuamos incapazes de enfrentar, na atualidade, permanecerão ainda escondidos. Da mesma forma, permaneceremos incapazes de relaxar as tensões a eles relacionadas.

    O verdadeiro relaxamento é um encontro verdadeiro com nossa realidade interior; é o fruto da solução de nossos conflitos íntimos. O Yoga emprega duas imagens para representar esse tipo de situação. A primeira é: entramos em um quarto e, na penumbra, vemos uma enorme cobra enrolada, pronta para o bote fatal. Instantaneamente nosso cabelo arrepia-se, nosso coração dispara, as pupilas dilatam-se, a respiração torna-se arquejante e a mente é tomada pela idéia da morte iminente do corpo, que se paralisa de terror. Mas, à medida em que os olhos acostumam-se à semi-escuridão, vemos que a imensa cobra é apenas um inofensivo rolo de corda.

    A outra imagem, que tem o mesmo significado, é a de um tigre vividamente pintado em papel, que pensamos tratar-se de um tigre de verdade.

    Com esses dois exemplos, o Yoga nos diz que o problema não está na realidade mesma, mas em nossa avaliação equivocada da realidade, em nossa reação inadequada aos fatos da vida por uma interpretação errônea do que eles realmente são.

    Situações assim podem implicar em sofrimento, mas não constituirão problema existencial nem precisarão ficar ocultas em nosso subconsciente, desde que saibamos encará-las a partir de uma nova perspectiva. Esse novo ponto de vista origina-se em uma mudança de avaliação: uma mudança de natureza filosófica. Por isso, a prática do Yoga não poderá esgotar-se em um trabalho exclusivamente corporal. A verdadeira prática do Yoga será sempre, necessariamente, um trabalho realizado em vários níveis.

    Existem apenas duas maneiras de relaxar - parcialmente, e de modo não duradouro - sem passar pelo processo de reaver a plenitude da consciência. São elas: o uso de medicamentos relaxantes ou drogas psicotrópicas e o emprego da sugestão num processo hipnótico ou semi-hipnótico, onde nossa mente cede à influência e ao domínio da mente de outra pessoa. Ou seja, o relaxamento é obtido momentaneamente às custas de um maior alheamento de si mesmo, de um adormecimento químico ou embalado pela voz do professor, pela música e pelo ambiente propícios ao sugestionamento.

    Trata-se de um alívio temporário, às vezes até necessário, mas que agrega um novo problema ao anterior. Todo relaxamento e todo emprego dos processos sugestivos que não forem autônomos geram dependência e aumentam a dificuldade em resolver efetivamente o problema, porque o torna ainda mais nebuloso e mais distante dos processos mentais conscientes. Na parábola do quarto com a cobra imaginária, seria o mesmo que apagar a luz de uma vez, de modo a deixarmos de enxergar o que nos amedronta. Equivaleria a fazer-nos pensar em outra coisa, para não nos lembrarmos da cobra que está ali está. Medidas assim são formas de escapismo. Não equacionam, não solucionam, mas apenas confundem ainda mais.

    Yoga é uma terapia integral do ser humano que promove a harmonização entre os diferentes níveis da consciência. Mas não substitui a terapia psicológica, quando ela é necessária, do mesmo modo que não substitui o tratamento médico, nos casos de doença. A prática do Yoga conduz a um despertar progressivo da atenção e da concentração da mente voltada para si mesma, onde as contradições interiores vão sendo percebidas e resolvidas.

    O Yoga não é uma técnica que nos ensina a evitar os nossos conflitos íntimos, ou a adormecer mais facilmente, fugindo de nós mesmos de modo mais "eficiente". O relaxamento yogi é fruto de um treinamento da atenção interior, da construção de uma nova perspectiva, através da qual contemplamos a vida por uma outra ótica, a da consciência supramental e espiritual. O estado de ausência de tensões é gerado por uma consciência lúcida, alerta e tranqüila, que é desenvolvida paralelamente a uma profunda transformação promovida por nós mesmos em nossa maneira de ser, de dentro para fora, à medida que entramos em contato com nossa própria verdade interior.


    Yoga não é religião

    A palavra religião vem do latim religare, ou reunir, que tem o mesmo significado da palavra Yoga. No entanto, o Yoga não é um sistema de crenças, e sim um trabalho objetivo, sistemático, de caráter científico/experimental, que, por ativar a consciência nos níveis superiores de nosso ser, capacita-nos a vivenciar estados espirituais de modo direto e autêntico, independente de qualquer sistema interpretativo particular, como o Zen Budismo, mais do que todos os demais caminhos de auto-realização, tem o cuidado de enfatizar.

    Por isso, o Yoga não é proselitista, nem dogmático ou sectário. O Yoga terá discípulos, mas não seguidores, porque nele tudo é uma questão de experiência pessoal direta, onde a crença é dispensável. Confundir o Yoga com religião, e com o hinduísmo em particular, é desconhecer sua verdadeira natureza.

    Como existem pessoas cujo temperamento é naturalmente devocional, há um ramo de Yoga chamado Bhakti Yoga, que mostra como transformar a devoção em um trabalho sistemático de Yoga. Isso pode ser feito por devotos de qualquer religião, e o Yoga não determina que o bhakta seja hinduísta, nem sugere a escolha de qualquer forma particular de devoção. É claro que bhaktas indianos serão, provavelmente, hinduístas, e bhaktas tibetanos, chineses ou japoneses serão provavelmente budistas, mas um bhakta ocidental será, provavelmente, um cristão e um bhakta do mundo árabe certamente será um muçulmano.

    O Yoga afirma que a mais alta vivência espiritual que o homem pode ter, a partir de qualquer religião ou filosofia, é a consciência da unidade do todo, que é experimentada como sat-chit-ananda (1), e que tudo o mais, teologias, crenças, dogmas e mandamentos não passam de tentativas de explicar o inexplicável, usando instrumentos tão inadequados quanto são as palavras.

    Afirma o Yoga que todas as divergências religiosas acontecem porque uma mesma verdade abstrata tem tomado formas concretas diferentes, dependendo da época e da cultura em que foram expressas. Enquanto nos deixarmos hipnotizar por essas formas, as religiões permanecerão como um fator de fanatismo e separatividade, quando seu objetivo maior deveria ser, e (pelo menos em seus livros sagrados) declaradamente é, a união de todos os homens pelo amor espiritual. Enquanto pensarmos que vida espiritual é manter uma crença, em lugar de experimentar e vivenciar estados supramentais, não haverá como dois praticantes de diferentes religiões entenderem que o Deus de uma é o mesmo Deus da outra.

    Personalizar a Divindade é um grande perigo para os devotos, porque isso os leva a atribuir a Deus uma intolerância que é apenas deles, não Dele. O Ser Supremo é tão mais do que qualquer livro sagrado pode transmitir, tão mais do que nossos conceitos podem abarcar, que o Yoga afirma ser desnecessária uma crença prévia em sua existência, porque esta seria, certamente, limitada e imperfeita.

    Uma pessoa pode descrer na existência do oceano, mas mesmo assim o encontrará, se navegar por um rio até a sua foz. Não importa qual o idioma usado para denominá-lo. Não importa se chamam-no Atlântico, Pacífico, Índico ou Mediterrâneo. Ele é um só, e sua água é salgada. Mergulhemos nele e nenhuma discussão fará mais o menor sentido.


    Yoga não é mágica

    Certa vez tivemos em nossa escola de Yoga um aluno de meia-idade, hipertenso, que estava com gastrite, muitos quilos a mais e extremamente tenso. Seus músculos pareciam pedras, de tão duros. Numa das primeiras aulas, um dos seus colegas perguntou à professora por que ela não comia carne. Ela respondeu que deixara de comer carne por haver percebido que isso dificultava a prática da meditação. No momento em que meditar tornou-se importante, não houve mais lugar para a carne. Além disso, disse ela, sua saúde melhorara tão acentuadamente que ela não pretendia tornar a comer carne, suprimindo esse hábito da sua vida.

    Apesar de ela não haver sugerido que todos devessem adotar a dieta vegetariana, esse aluno ficou realmente indignado com a resposta, e reclamou: "Não vim aqui para me tornar um guru. Não pretendo modificar meus hábitos de vida. Não deixarei de tomar o meu uísque, de fumar o meu cigarro nem de comer carne. Vim aqui exclusivamente para relaxar".

    A professora tranqüilizou-o. Naturalmente, ele só faria o que quisesse fazer. Como poderia ser diferente? Mas deixou de dizer-lhe o mais importante, porque ele não o entenderia, ainda:

    "Existem apenas dois métodos para relaxar sem transformar seus hábitos de vida, suas reações emocionais, seu modo de pensar, sua arrogância e sua impaciência. Aqui não empregamos nenhum deles. E, se você procurou essa escola, é porque também não deseja empregá-los. Um é a sedação através de medicamentos, e o outro é através da hipnose.

    "Sabemos que o método que utilizamos é eficaz unicamente quando empregado pelo próprio indivíduo, voluntária e participativamente. Sabemos que não podemos ajudá-lo à sua revelia, e jamais tentaríamos entrar em guerra com você. Não conhecemos o seu caminho, nem podemos avaliar a sua capacidade. Temos indicações gerais, comuns a todos, que delineiam uma rota a seguir. Porém, o seu caminho só pode ser trilhado por você.

    "Isso nos torna humildes e obriga-nos a sermos pacientes. Caso pretendamos realizar algum trabalho útil, precisamos ser tolerantes e aceitá-lo exatamente como chegou aqui, e, aos poucos, levar sua compreensão até a realidade, se você o permitir. Não podemos entregar-lhe o Yoga como se fosse uma mercadoria. Você terá que praticá-lo por si mesmo. Caso pudéssemos fazê-lo por você, nós o faríamos, porque sabemos que você está sofrendo, que sua vida é, em grande parte, um tormento, e que você precisa realmente relaxar.

    "Seu corpo está doente, e seus nervos agitados. Seu emocional está inquieto, agressivo e em guerra constante.

    "Seu mental sofre de separatividade e tem necessidade de afirmar sua superioridade sobre os demais. Por isso, não tem um momento de descanso. Está exausto.

    "Sua situação toca o nosso coração, porque também já experimentamos coisa semelhante, em nosso passado.

    "Desejamos ajudá-lo!

    "Mas, como fazê-lo, se somente podemos ajudá-lo através de você mesmo, e você acaba de declarar que não quer mudar a situação que é responsável, única e diretamente, pelo seu estado?"

    Não é o uísque, ou o cigarro, ou a carne que, em si, devem ser responsabilizados. É o todo que precisa ser transformado. É o contexto global da vida da pessoa que gera as conseqüências que criam situações como a desse homem.

    Não temos a doença. Nós somos o doente.

    Para curarmo-nos, temos que mudar a nossa forma de viver para, só então, nos tornarmos pessoas saudáveis. E isso é uma responsabilidade intransferível de cada um de nós.

    O Yoga é um trabalho que atinge o próprio ser. Não é uma aspirina que tomamos para escapar de um sintoma desagradável. O Yoga não atua por fora, mas por dentro. E a origem dessa atuação vem do supramental, muito mais interior do que podemos supor com a mente totalmente exteriorizada que usamos quotidianamente, confundido-a com o nosso próprio ser. O caminho que ensinamos e a rota que seguimos não foi escolhida por nós de acordo com preferências pessoais.

    A natureza tem suas leis. Leis para o corpo, para o psíquico e do espírito. E todo o segredo consiste em adequarmo-nos a elas. Jesus diz que devemos fazer a vontade do Pai e não a nossa. Mas temos feito o contrário, e empregado o poderio da inteligência para contrariar a natureza, como se fosse possível gratificar as predileções de nosso ego contra ela, impunemente. A saúde existe em seus próprios termos, bem como o equilíbrio emocional e a paz mental.

    O Yoga não pode ser dado de presente nem outorgado mediante pagamento. Depende de um compromisso de transformação pessoal que o indivíduo faz consigo mesmo. E isso não pode ser providenciado por terceiros. Além disso, não basta decidir mudar. Temos também que descobrir o que deve ser mudado, por quê e como mudar.

    O Yoga ajuda a clarear a percepção que temos de nosso corpo e de nosso psiquismo, e cria condições que facilitam as mudanças que nos levam ao encontro de nós mesmos. A prática do Yoga envolve a utilização de técnicas precisas, com objetivos específicos.

    Yoga não é mágica. É a ciência do ser e a arte do existir.

    (1) Sat: puro ser ou vida eterna, como a chamou Jesus. Chit: pura consciência, ou a verdade que liberta, como Jesus a designou. Ananda: pura bem-aventurança, a sublime união dos sentimentos de amor universal e paz celestial.

    Extraído do capítulo 1 do livro Yoga Vidya, a Sabedoria do Yoga - Conceitos Fundamentais (Copyright © 1997, Maria Alice Figueiredo; todos os direitos reservados) e digitado por Cristiano Bezerra.

    Maria Alice Figueiredo é natural de São Paulo. Graduou-se em Administração pela UFBA em 1969 e trabalhou em Planejamento e Administração Municipal. Ao ter os seus filhos gêmeos em 1973, sofreu uma eclampsia com azotenia renal e acidose metabólica que a levou a passar três dias em coma, no limiar da morte. Ao retornar à consciência, viu-se portadora de diabetes e de insuficiência renal, além de severa depressão. Passou então a praticar Yoga durante 3 horas por dia, todos os dias. Saudável há mais de vinte anos, deixou sua antiga profissão passando por um estágio didático na conceituada Academia Hermógenes de Yoga, no Rio de Janeiro, em 1977, fundando o Yoga Vidya em Salvador, BA, em 1978. Juntamente com a psicóloga argentina Marta Molinero, criou o Método de Auto-Integração do Ser, que trabalha com o corpo, o psiquismo e a compreensão filosófica dos valores abstratos, tendo como base o Yoga e outros métodos terapêuticos ocidentais de vanguarda. Essa orientação de unir o que de melhor têm o oriente e o ocidente partiu de seu mestre na época, o Swami Rama, um grande mestre de Yoga, intelectual e autor de vários livros, que considerava sua missão criar uma ponte entre o Yoga e a ciência ocidental. Fundador do Himalayan Institute of Yoga Science and Philosophy, na Pennsylvania, e de um hospital na região dos Himalaias, o Swami Rama faleceu em novembro de 1996.
    posted by iSygrun Woelundr @ 8:21 PM   0 comments
    Yoga não é ginástica e ginástica não é Yoga


    José Hermógenes

    Desde seu lançamento, em 1960, meu livro Autoperfeição com Hatha Yoga exibe, na página 26, o cabeçalho: \"Hatha Yoga, uma ginástica...\". Estaria eu me contradizendo? Se o leitor passar duas páginas vai ler outro cabeçalho: \"...diferente da ginástica ocidental\". Se alguém citar somente a página 26, pretendendo provar que eu afirmo ser o Hatha Yoga uma ginástica, estará sofismando, pois quando se faz uma citação de um texto fora do contexto é por mero pretexto. Das páginas 28 a 30 explico bem as diferenças que não permitem tornar o Hatha Yoga como uma ginástica entre outras.

    Ginástica é um exercício, uma atividade, uma praxis. Há ginástica para a memória, para a sobrevivência do cérebro, e outras... O Hatha Yoga é um exercício, uma ginástica, uma atividade educativa, mas pouco ou quase nada tem a ver com o que se denomina “Educação Física” ou “Atividade Física”.

    Por que “física”? Porque a ginástica física trabalha, com admirável eficiência, exclusivamente sobre o “físico”, isto é, o corpo, a matéria. O Hatha Yoga, longe disso, aprimora a incrível vastidão que é cada ser humano. Educação Física é praxis. Hatha Yoga é holopraxis. A diferença só pode ser medida em anos-luz.

    Ver o ser humano apenas como seu subsistema mais denso (o corpo) equivale a ver o iceberg como uma simples pedra gelada que flutua, sem nada embaixo. O Hatha Yoga vê e cultiva o iceberg inteiro. Adianta lembrar que o maior potencial terapêutico não está no mais denso, mas no mais sutil, no nível das energias vitais, na afetividade, na mente, no Espírito, na Essência Única que todos somos. O Hatha Yoga age sobre o corpo também, e com que eficácia!

    Há uma ginástica ou cultura física que exercite a capacidade de compreender, de perdoar, de ajudar, de amar? Orar, relaxar, meditar, visualizar, embevecer-se, cultuar uma visão libertadora... fazem parte da holopraxis que é o Hatha Yoga. Tudo isso escapa a quem cuida somente do “físico”.

    Todo o meu livro Autoperfeição com Hatha Yoga se encarrega de afirmar e firmar que cultivar e cultuar o “físico” é recomendável, mas não é tudo. Aliás, é quase nada.

    O ser humano é um imenso iceberg. Por que insistir em o ver apenas como um “físico”, isto é, como o tão pequeno pedaço visível do insondável megassistema?...

    Por quê reduzir uma milenar holopraxis, uma magnânima benção divina para todos os homens, numa praxis somente “física”?!!!
    posted by iSygrun Woelundr @ 8:16 PM   0 comments
    Kali Yuga

    Você sabe parar?
    Pedro Kupfer

    Se você é o que você faz, quando não faz, você não é.
    William Byron.

    Você vive com a sensação de estar fazendo demasiado? Você tem a impressão de que seu dia não é suficientemente longo para realizar todas as tarefas que precisa realizar? Você fica constantemente cansado, como se estivesse carregando um fardo muito pesado para suas próprias forças? Você acha que a vida poderia ser mais gratificante e significativa?

    Se você respondeu positivamente a algumas das perguntas acima, provavelmente está precisando dar uma parada.

    Todos os yogis sabem que Kali Yuga, o ciclo do tempo em que estamos vivendo, é a era do conflito e da escuridão. Porém, nem todos sabem que esta é também a era da velocidade. Tudo acontece rápido demais. Não temos tempo para pensar em nada, a vida simplesmente nos engole com suas pressões sociais, laborais e familiares. Ou nos adaptamos, ou enlouquecemos. Adaptar-se, nesse caso, significa aprendermos a parar.

    Lembre dos primeiros anos de sua vida: provavelmente, seus pais não tinham computador em casa e você brincava mais na rua do que seus filhos hoje. Em termos de velocidade e violência, as brincadeiras de seus filhos na frente do videogame não se comparam às suas.

    As crianças que nós fomos parecem simplórias demais se comparadas com as crianças de hoje. Aliás, as crianças de hoje nem sequer chamam-se crianças. Chamam-se “pré-teens”.

    Quando você era criança, no outono, o próximo Natal estava tão longe que você nem conseguia imaginar uma extensão de tempo tão grande. Quando faltava uma semana, ansioso pelos presentes, você perguntava para sua mãe: “mas o natal não vai chegar nunca?”

    Porém, o tempo passou, você foi crescendo e, sem perceber quase, entrou na montanha russa que sua vida é hoje. O ritmo cotidiano foi acelerando conforme você cresceu e hoje, provavelmente, está bem mais rápido do que você gostaria. A escritora Emily Dickinson disse uma vez que “viver é algo tão espantoso que sobra pouco tempo para qualquer outra coisa”.

    Essa montanha russa chama-se samsara em sânscrito. Samsara significa literalmente “fluir” ou “andar em círculos”. O samsara é esse fluxo constante de eventos, impossível de ser detido, no qual não encontramos nem paz nem segurança.

    O samsara é a terra do sofrimento. Se você não tinha parado para pensar nisso antes, seja bem-vindo ao samsara agora e segure-se, pois a montanha russa está entrando em mais uma queda livre daqui a pouco.

    Embora tenhamos aprendido muitas coisas na escola, nunca nos ensinaram a parar. Parar é uma maneira de refletir e assimilar tudo o que aprendemos, ficando mais receptivos para podermos avaliar de maneira mais positiva e justa qualquer empreendimento que nos propusermos. Para o yogi, parar é o que vem antes do samadhi, a realidade luminosa que está além do samsara.

    Parar é um gesto de respeito e amor por nós mesmos. Ao mesmo tempo, é um ato de generosidade em relação àqueles com quem convivemos. Se nossa alma ficar mais harmoniosa, essa harmonia irá refletir-se à nossa volta.

    Cultivar o ato de parar conscientemente equivale a viver a vida como uma jornada, uma aventura de descobertas. Mas, se não soubermos parar conscientemente, nosso corpo irá parar sozinho, através de uma doença ou um acidente.

    Parar é essencial se quisermos manter a felicidade e a sanidade nos dias de hoje. Todo o mundo está procurando a felicidade; alguns, procuram até a imortalidade; mas quase ninguém sabe o que fazer num sábado chuvoso. Assim, a arte de viver fica sepultada sob as pressões que a sociedade impõe ao indivíduo Nas palavras de H. D. Thoreau, “a vida se mede, não pelo número de anos que passamos na Terra, mas pelo que usufruímos”.



    Parar tem a ver igualmemente a ver com nossos valores mais íntimos. Se não soubermos parar, seremos vítimas fáceis do consumismo. Se não soubermos parar, acabaremos achando que vestir aquela griffe é tudo o que precisamos para ser felizes ou que usar aquele cartão de crédito pode resolver nossos problemas emocionais.

    O Dr. David Kundtz, em seu livro “A Essencial Arte de Parar” (1999, Ed. Sextante, Rio), nos dá algumas valiosas dicas para parar. Ele afirma que há três maneiras de parar que podem ser aplicadas ao longo da vida:

    1) Pausas breves. Têm a duração de algumas respirações até algumas horas, e devem ser aplicadas diariamente, antes de tomar decisões importantes, por exemplo. Se você quiser, antes de continuar esta leitura, faça algumas respirações conscientes com os olhos fechados e observe-se. Perceba o que está acontecendo à sua volta... Pronto! Você entendeu.

    2) Escalas de viagem. São períodos de tempo que você reserva para não fazer nada. Podem durar desde algumas horas até algumas semanas. Ajudam a refrescar a mente e recuperar a objetividade. Fins de semana ou férias sem nenhuma tarefa definida são exemplos de escalas de viagem, onde você pode recarregar suas baterias e reencontrar seu equilíbrio interior.

    3) Paradas gerais. São momentos cruciais na vida, momentos em que é desejável afastar-se de tudo e de todos para encontrar o rumo que nossa vida possa tomar no futuro. As paradas gerais podem durar de alguns meses a um ano, e fazer-se em forma de viagens ou retiros.

    Para o yogi, parar não significa necessariamente praticar Yoga ou meditar. Parar é diferente de meditar e, embora envolva o pensamento yogik aplicado, pode ter mais a ver com dedicar alguns momentos à arte, a atividades físicas como pedalar ou caminhar ou a simplesmente estar perto da natureza.

    Pessoalmente, descobri que minhas paradas, sejam do tipo que forem, passam por estreitar meus vínculos com a natureza e, especialmente, com o mar. Assim, para fazer minhas pausas breves, procuro reservar um momento do dia para surfar, mesmo se as condições de vento ou ondulação não forem ideais.

    Se não tiver mesmo tempo, dou uma caminhada breve pelo mato ou faço uma sessão de "cachorroterapia": deito no chão e deixo que minhas cadelas me afaguem, me cheirem, deitem na minha barriga e me façam um carinho. Instintivamente, elas sabem melhor do que eu o que estou precisando.

    Minhas escalas de viagem, quase sempre acontecem na forma de surf trips, viagens de surf com meus amigos yogis, meu tapete de prática e os instrumentos para tocar mantras. Da mesma forma, já fiz uma parada geral em que fiquei viajando durante seis meses, com longas sessões de surf na Indonésia.

    Parar tem a ver com respirar conscientemente, tem a ver com desfrutar o presente, tem a ver com simplesmente ser. Parar é essencial para mantermos o bom senso vital. Aliás, você já deu sua parada hoje?
    posted by iSygrun Woelundr @ 2:53 PM   0 comments
    iHELL, a cidade do pecado!
  • iHELL, A CIDADE DO PECADO(canal de tecnologia)
  • iMOTOKO, um futuro pleno de tecnologia
  • KINEMA, artes e espetáculos
  • iAPLEE, o mundo da maçã
  • iCHINACELL, tecnologia móvel chinesa
  • BIBLIOTECA ON LINE
  • MOMENTO POLÍTICO
  • PIADAS
  • Ridertamashii
  • ultimas UNIVERSO ASGARDH
  • Samsara, a "roda" e a origem dos bhramanes e dos b...
  • Os Senhores do Universo
  • A LENDA DO DEUS BRAMA in Heaven
  • Deuses Indianos e outras divindades
  • Reencarnação
  • Sri Ganesha
  • Introdução geral ao estudo das doutrinas hindus
  • Gunas
  • O MITO DE KALI
  • Os Chakras, MEDITANDO COM OS CHAKRAS
    REPORTAGENS ARQUIVADAS MÊS
    PROGRAMAS DE AFILIADOS: PARA TER ANUNCIOS EM SEU SITE OU BLOG
    © Brahmanismo Template by ASGARDH